sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Último Acto, um espectáculo ao contrário

Inicialmente criado em 2006, com encenação de Anna Langhoff, decidimos repegar agora nestes textos e ”reconstruir um outro espectáculo” a partir das ruínas daquele outro. Necessariamente diferente, porque assenta noutras “linhas de partida”, e noutro “momento político”. O que também condicionou esta escolha. Mantemos e aprofundamos a “discussão” por dentro do teatro, da estrutura teatral, nas suas relações internas de poder e na sua constante busca de novos sinais, de outras imagéticas, de novas formas… nessa incessante caminhada da criação artística, para o futuro, para a Arte do Futuro.

Continuamos a querer implicar o público nisto. Exigindo dele. Colocando-o como actor da história, como actor cidadão comprometido com o mundo. Não tem safa. Se morrermos nós (os artistas), vocês (o público) também não se salvam. O Mundo morrerá mais um bocado. O Caos instalar-se-á a partir da Morte da Arte. Por mais ministros e directores-gerais que o não entendam.

Voltamos a mexer nestas ruínas, para reganharmos forças para o Combate que se aproxima. Por dentro e por fora do Teatro. Com este trabalho, é melhor chamar-lhe assim, damos continuidade ao que começamos a desenvolver com Concerto “à la carte”, de Franz Xaver Kroetz. O não teatro. A exploração da noção de tempo teatral. A aproximação à vida e ao confronto com o público numa perspectiva de o desinstalar da comodidade com que se senta nestas novas plateias…
Se a Vida está difícil a vida teatral está cada vez mais dramática.
E todos nós (actores e públicos) teremos de perceber o que nos está a acontecer, sob pena de sermos espectadores da nossa própria morte.

Rui Madeira

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